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Diretor e Editor: Wilson Vidotto Bidu
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Cambé PR., 01 de Outubro 2019 - Ano 56 - nº 1852
Cambé AZ - Publicação:11/10/2020, ás 09:30 / Veiculação de Mídia: Cambé Notícias de 01/10/2019
Antes era Nova Dantzig, depois surgiu Cambé
Jornalista Wilson Vidotto Bidu
As terras onde está localizado o atual município de Cambé eram compreendidas por uma imensa floresta e nestas terras viveram diversos povos indígenas à base de caça, pesca, coleta de frutas, plantas e raízes e de uma agricultura rudimentar. Eram livres, donos da terra e viviam com muita abundância, apesar das técnicas aparentemente simples que utilizavam. A presença dos povos indígenas que habitavam toda a região é marcada por registros de viajantes, por documentos oficiais do Estado e também por objetos arqueológicos encontrados em toda região. As primeiras dez famílias que chegaram à futura cidade de Cambé por intermédio da Companhia de Terras eram oriundas da Cidade Livre de Dantzig e chegaram à futura colônia em janeiro de 1932.
O nome Nova Dantzig foi escolhido pela Companhia de Terras, que previu, para a região, a vinda de um grande número de pessoas de Dantzig. Por causa do clima mais quente, ao qual não estavam acostumados e devido à flora e fauna estarem intocadas, enfrentaram muitas dificuldades para iniciar a colonização. Mas, atraídos pela fertilidade das terras, vieram em seguida japoneses, italianos, eslovacos, portugueses, alemães, espanhóis, libaneses, além de paulistas (do interior, por sua vez já fruto da imigração europeia) e nordestinos. Café, algodão, cereais, extração de madeiras e criação faziam parte da cultura diversificada que existiam na região na época da colonização. Nova Dantzig não fugia disso, pois o sistema de pequenas e médias propriedades rurais estimulava a atividade econômica voltada para a terra.
Ao mesmo tempo, o núcleo urbano passou a crescer, tornando-se centro de abastecimento e prestação de serviços para a população. A sociedade urbana era formada por pequenos e médios comerciantes, além de alfaiates, barbeiros, sapateiros, pedreiros, carpinteiros, marceneiros, caixeiros de lojas de armazéns, farmácias e operários. Em 9 de outubro de 1937, o então Patrimônio de Nova Dantzig foi elevado à categoria de distrito judiciário através da Lei 191, de 9 de outubro de 1937.
Cambé, em vez de Nova Dantzig, a guerra causou a mudança.
Por que Cambé, em vez de Nova Dantzig? É que, na Segunda Guerra Mundial, o Brasil lutou ativamente, ao lado dos aliados, contra a Alemanha, a Itália e o Japão. Os imigrantes que vieram desses países não sofreram restrições do governo brasileiro, que entendia que eles nada podiam fazer em prejuízo da soberania nacional, já que eram simples colonos. Mesmo assim, algumas precauções foram tomadas, como a prisão de alguns imigrantes alemães da região, que depois foram libertados.
O Governo do Estado, por uma vez, assinou o decreto Lei nº 199, de 30 de outubro de 1943, publicado no Diário Oficial do dia 13 de janeiro de 1944, mudando os nomes de cidades que tinham relação com os países inimigos. Foi por isso que Nova Dantzig passou a ser chamada de Cambé. É bom lembrar que o nome Nova Dantzig foi escolhido pela Companhia de Terras para homenagear os imigrantes que vieram da cidade livre de Danzig, que também foi invadida pelos nazistas. Mas o governo do Paraná levou em consideração a língua falada pela maioria dos danzinguenses, o alemão.
O ideal da emancipação política era o grande sonho dos cambeenses. Corria o ano de 1945 e o Brasil passava pela redemocratização de sua vida política. Em Cambé, as lideranças encabeçaram um movimento em busca da autonomia, fundando no dia 15 de maio de 1947 a Sociedade dos Amigos de Cambé.
Meses depois, o Diário Oficial do Estado do Paraná, edição de 13 de outubro de 1947, publicou na 1ª página a Lei nº 2, de 10 de outubro de 1947, que elevou o Distrito de Cambé à categoria de Município. A lei foi assinada pelo governador Moysés Lupion e deu a Cambé a independência de Londrina. Eustachio Sellmann foi nomeado prefeito provisório. O novo Município foi instalado no dia 11 de outubro daquele mesmo ano.
Com a elevação a Município era necessário que se escolhesse o primeiro prefeito e vereadores que representassem a vontade popular. No dia 16 de novembro de 1947, os cidadãos de Cambé elegeram o Professor Jacídio Correia, com 691 votos, como seu primeiro prefeito eleito, derrotando o outro candidato, Dr. José dos Santos Rocha, com 685 votos, que mais tarde viria a ser o segundo prefeito eleito.
Nesta primeira eleição, o Partido Social Democrático e a União Democrática Nacional fizeram coligação e conseguiram eleger os vereadores: Maurício de Carvalho - 252 votos, Arlindo Codato - 92 votos, Francisco de Paula Vieira - 85 votos, Eustachio Sellmann - 72 votos, Paulo Cristino - 46 votos e Plácido Pietrobom - 43 votos.
O Partido de Representação Popular conseguiu eleger Luiz Ricieri com 115 votos e Eduardo Rodrigues com 79 votos. Já o Partido Trabalhista Brasileiro teve apenas José Cilião de Araujo eleito, com 164 votos. Prefeito e vereadores foram diplomados no dia 30 de novembro pelo Juiz Eleitoral da 27ª zona, Dr. Antonio Franco Ferreira da Costa. O Professor Jacídio Correia assumiu o Executivo Municipal em 8 de dezembro de 1947, permanecendo até 29 de dezembro de 1951.